sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Lei de Causa e efeito


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Aquele que sobe uma montanha deve descer outra vez de alguma forma. De maneira semelhante, aquele que desrespeita outro, será desprezado. Aquele que fala mal da beleza de outro, receberá a retribuição tendo aparência feia. Aquele que priva outros de alimento ou roupas não falhará em tornar-se um demônio faminto. (Carta de Sado, END, vol. I, pág. 203.) ... o Sutra Contemplação da Mente-Solo afirma: “Se deseja saber que causas foram feitas no passado, observe os resultados que se manifestam no presente. E se deseja saber que resultados serão manifestados no futuro, observe as causas que estão sendo feitas no presente.” (Abertura dos Olhos- Parte II, END, vol. IV, pág. 197. Edição Revisada.)

Escuridão Fundamental terceira parte

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Esta frase revela que todas as pessoas, assim como tudo no Universo, possui inerente tanto a escuridão como a iluminação. Em outras palavras, a “verdadeira natureza da vida” pode manifestar tanto a “iluminação” pela percepção da sua natureza de Buda como a “escuridão” quando dominada pela ilusão. De acordo com o sutra Shrimala, a escuridão fundamental é a ilusão mais difícil de ser vencida e só pode ser erradicada por meio da sabedoria do Buda. Esse é o significado da frase final deste escrito de Daishonin: “Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”. Em um de seus discursos, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, comenta: “O mundo atual carece intensamente de esperança, de uma perspectiva positiva pelo futuro e de uma sólida filosofia. Não há nenhuma luz brilhante a iluminar o horizonte. Tudo está num impasse — a economia, a política e as questões ambientais e humanitárias. E os próprios seres humanos — a força motriz de todas essas esferas — também estão perdidos e não sabem como avançar. É por isso que nós, os Bodhisattvas da Terra, aparecemos. É por isso que o Budismo do Sol de Nitiren Daishonin é tão essencial. Levantemo-nos, segurando bem alto a tocha da coragem e a filosofia da verdade e da justiça. Nós começamos a agir para romper corajosamente a escuridão dos quatro sofrimentos do nascimento, da velhice, da doença e da morte, e também a escuridão da sociedade e do mundo”. (Brasil Seikyo, edição no 1.387, 19 de outubro de 1996, pág. 4.) Em outro escrito de Daishonin, consta: “Se acender uma lamparina para uma outra pessoa, iluminará também o seu próprio caminho”. (Gosho Zenshu, pág. 1.598.) Todos são pessoas valorosas. Daishonin ressalta que respeitar os outros, constitui a base da prática do Sutra de Lótus, e que realizar o Chakubuku é conduzir a prática desse bodhisattva. Quando nos empenhamos de corpo e alma a encorajar as pessoas, convictos de que cada uma delas possui uma missão preciosa, somos capazes de revelar o potencial não só dessas pessoas, mas o nosso também. Realizar o Chakubuku, que tem como finalidade conduzir as pessoas à iluminação com base na filosofia e no espírito benevolente do Sutra de Lótus, é a prática budista do mais elevado respeito à vida. É a prática correta para dissipar tanto a escuridão fundamental que se aloja na vida das pessoas como na de nossa própria vida.

Escuridão Fundamental segunda parte

Quando nos conscientizamos de que somos a manifestação da própria Lei Mística, a ilusão ou escuridão se dissipa imediatamente. Analogamente, a Lei Mística é como o Sol, enquanto a escuridão é como as nuvens escuras que o cobrem. Quando as nuvens se dispersam, os raios brilhantes do Sol chegam sem impedimentos à Terra. Quando rompemos nossa escuridão fundamental, o poder da Lei Mística é ativado instantaneamente, e manifesta-se como diferentes funções criadoras de valor ou benefícios. Esses benefícios e valores diversos derivam do princípio da simultaneidade de causa e efeito. Entretanto, apesar da certeza de que todos os seres vivos são entidades da Lei Mística, cuja vida é dotada intrinsecamente do estado de Buda, se não nos empenharmos em dissipar as nuvens da escuridão fundamental, o estado de Buda não se manifestará efetivamente em nossa vida. Esta condição não é algo que se atinge com uma atitude tímida e passiva, que se restringe a recitar Daimoku mecanicamente, e muito menos se algum sacerdote orar por nós. Depende de cada pessoa recitar Daimoku e empreender uma luta individual para dissipar a escuridão de sua vida. Como ela se refere à ilusão interior, a batalha para vencê-la deve ser travada interiormente. Em poucas palavras, essa luta implica perseverar na fé. O propósito principal da prática budista é “iluminar” a “escuridão” da vida, isto é, compreender as causas que geram o sofrimento e, assim, agir para mudar a própria condição ou situação. É elevar o nosso estado de vida, munindo-nos de coragem e sabedoria para mudar. Uma pessoa iluminada, ou no estado de Buda, é aquela que manifesta força, coragem, esperança, sabedoria e que se eleva acima das próprias dificuldades. Uma vez iluminada, ela ultrapassa e vence as dificuldades, enxergando melhor a essência da vida. Na vida de todo ser humano, a cada instante, processa-se uma batalha entre a escuridão fundamental e a iluminação. Que lado vai vencer? Isso dependerá da condição de vida predominante da pessoa, os chamados Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda). Apesar de recitar Daimoku, se ficarmos presos às nossas próprias limitações, sem desafiá-las no momento crucial, seremos derrotados pela ilusão ou escuridão fundamental. Budismo é vitória ou derrota. Conquistamos a verdadeira vitória na vida quando enfrentamos e vencemos nossos aspectos internos, quando vencemos nossa batalha interior. No escrito “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin nos ensina: “Quando uma pessoa é dominada pela ilusão, é chamada de mortal comum, mas quando iluminada, é chamada de Buda. Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 4.)

Escuridão Fundamental primeira parte

“Escuridão fundamental” (gampon no mumyo, em japonês) é um princípio essencial do Budismo Nitiren. Também conhecido como “ignorância fundamental” ou “ignorância primordial”, é a ilusão mais profundamente arraigada na vida, a qual origina todas as demais ilusões. O termo “fundamental” (gampon) refere-se à real essência ou à verdadeira natureza da vida. E a “escuridão” (mumyo) é a incapacidade de enxergar ou de reconhecer essa natureza. O Buda Nitiren Daishonin interpreta esse princípio como a ignorância da Lei suprema, ou a ignorância do fato de que nossa vida, em essência, é a manifestação da Lei, da natureza essencial dos fenômenos e da realidade, que é o Nam-myoho-rengue-kyo. Em outras palavras, essa “escuridão” indica a cegueira em relação à verdadeira natureza da própria vida. Portanto, é a ignorância do verdadeiro eu. A escuridão fundamental da vida pode ser comparada ao breu da noite ou a uma espessa névoa que impede as pessoas de discernirem as formas e as cores. Quando ela se manifesta, age sorrateira e sutilmente torna a pessoa incapaz de enxergar e reconhecer a verdade ou a essência de tudo o que a cerca. Essa escuridão inata impede que a verdadeira natureza da vida seja reconhecida. As suas diversas manifestações, tais como a violência, a corrupção, o autoritarismo, a traição, a discriminação, entre outras, são igualmente obscuras e tenebrosas. Uma pessoa tomada por esta escuridão, que não consegue enxergar a natureza da própria vida, passa a ignorar também outras pessoas. É por essa razão que atos bárbaros como a guerra continuam sendo praticados no mundo inteiro, tirando a vida de um grande número de pessoas, sempre sob justificativas diversas de ordem política, econômica ou ideológica, normalmente aceitas com naturalidade. Obviamente, à luz da verdadeira natureza da vida, não há nada que justifique esse grande mal perpetrado à humanidade. Em contraste com a “escuridão fundamental”, existe o termo “natureza fundamental da iluminação” (gampon no hossho) que indica a percepção da verdadeira natureza da vida, isto é, da natureza de Buda inata na vida. Na prática, essa percepção corresponde à revolução humana individual, ou seja, a manifestação de nosso infinito potencial tendo como base a fé no Gohonzon. Nitiren Daishonin, ao derrotar as maldades e suplantar as adversidades em sua vida, venceu a ilusão e a escuridão fundamental, manifestando a grandiosa condição de vida da Lei Mística, e representou esta magnânima condição de vida em forma de Gohonzon, ensinando-nos o caminho para atingir a iluminação nesta existência, edificando o verdadeiro eu. É importante compreendermos que o que nos impede de manifestarmos a Lei Mística em nossa vida é a escuridão fundamental que reside em nós. Ela possui a grande força de causar o sofrimento e a infelicidade. O seu verdadeiro aspecto é a ignorância. Entretanto, esta ignorância pode ser rompida e vencida pela grandiosa sabedoria do Buda, que é o próprio Gohonzon. A fé no Gohonzon é a força capaz de romper essa escuridão. Dessa forma, o que combate essa ilusão é o poder da fé.

Os Dez Mundos (Estados de Vida )

O budismo tem como foco principal a vida. A cada momento experimentamos alegrias e sofrimentos. Por essa razão o conceito dos Dez Mundos consiste num dos mais importantes princípios no budismo. Eles são interpretados como condições potenciais de vida inerentes a cada indivíduo. As mesmas condições experimentadas por uma pessoa numa situação constante de miséria podem ser uma fonte de desafio e satisfação para uma outra. Fortalecer nosso estado interior de forma a resistirmos e até mesmo transformarmos as condições mais difíceis e adversas é o propósito da prática budista. Com base no Sutra de Lótus, Tient’ai, um erudito budista chinês do século VI, desenvolveu um conceito que classifica a experiência humana em dez estados, ou “mundos”. Seu ensino dos “Dez Mundos” foi adotado e aprofundado por Nitiren Daishonin que ressaltou a natureza subjetiva e interior desses mundos. Daishonin afirmou a esse respeito: “Considerando a questão de onde estão o Inferno e o Buda, um sutra diz que o Inferno está debaixo da terra, enquanto outro diz que o Buda está no oeste. Entretanto, um pensamento mais cuidadoso esclarecerá que ambos existem em nós próprios.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 413.) Ordenados do menos ao mais desejável, os Dez Mundos são: Inferno — uma condição de desespero na qual uma pessoa é completamente dominada pelo sofrimento; Fome — uma condição de vida em que uma pessoa é dominada pelos desejos ilusórios que jamais podem ser satisfeitos; Animalidade — um estado instintivo no qual teme-se o forte e oprime-se o fraco; Ira — um estado caracterizado por uma irresistível necessidade de superar e dominar outros e geralmente dissimulado por uma aparente bondade e sabedoria. Esses quatro estados são referidos como os Quatro Maus Caminhos por causa da negatividade destrutiva que os caracteriza. Além desses, ainda há: o estado de Tranqüilidade, caracterizado pela capacidade de raciocínio e de fazer julgamentos. Apesar de ser uma condição de vida básica que nos identifica como seres humanos, pode também representar um frágil equilíbrio que leva uma pessoa a um estado inferior quando confrontada com situações negativas; e o estado de Alegria, experimentado geralmente quando os desejos são satisfeitos ou quando os sofrimentos são amenizados. Esses mundos são também classificados como os Seis Caminhos Inferiores. Todos eles dependem das circunstâncias externas para se manifestarem e por essa razão não podemos dizer que as pessoas nesses estados de vida desfrutam a verdadeira liberdade ou autonomia. O mundo de Erudição descreve uma condição de aspiração à iluminação. O mundo de Absorção indica a capacidade de perceber por si só a verdadeira natureza de todos os fenômenos. Juntos, eles são conhecidos como Dois Veículos. As pessoas que manifestam esses dois estados são parcialmente iluminadas e estão livres de alguns desejos ilusórios. Mas aqueles que se encontram nesses mundos podem ficar presas às suas visões e em alguns textos budistas o Buda adverte as pessoas dos Dois Veículos por seu egoísmo. O mundo de Bodhisattva é caracterizado pela benevolência com que uma pessoa vence as restrições do egoísmo e dedica-se incansavelmente pelo bem-estar dos outros. O budismo Mahayana, em particular, enfatiza o Bodhisattva como um ideal de comportamento humano. O estado de Buda é a condição da mais perfeita e absoluta liberdade. Para uma pessoa que manifesta o estado de Buda tudo — incluindo os inevitáveis sofrimentos da doença, velhice e morte — pode ser vivenciado como uma oportunidade para seu desenvolvimento e realização. O estado de Buda inerente em uma pessoa manifesta-se por meio de ações altruísticas desenvolvidas no mundo de Bodhisattva. Esses quatro últimos estados de vida compõem os Quatro Nobres Caminhos. Cada mundo ou estado de vida contém os outros nove. Daishonin exemplifica esse fato da seguinte forma: “Mesmo um frio vilão ama sua esposa e filhos. Ele também tem o mundo de Bodhisattva em sua vida.” (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 58.) Dessa forma, o potencial para a sabedoria e ação iluminadas representadas pelo estado de Buda continuam a existir em uma pessoa ainda que sua vida seja dominada pelos estados inferiores — Inferno, Fome e Animalidade. O inverso também ocorre. O estado de Buda não existe separado dos outros nove mundos. Ao contrário, a sabedoria, a vitalidade e a coragem do estado de Buda podem mudar a tendência de uma pessoa para um determinado estado. Por exemplo, quando a Ira é direcionada pela benevolência dos estados de Buda ou de Bodhisattva, pode se tornar uma força para desafiar a injustiça e mudar a sociedade. Dessa forma, o propósito da prática budista é manifestar o estado de Buda capaz de iluminar nossa vida e nos possibilitar criar um valor duradouro em nossa eterna jornada pelos Dez Mundos. Fonte: TERCEIRA CIVILIZAÇÃO, EDIÇÃO Nº 397, PÁG. 10, SETEMBRO DE 2001.

Espírito de Gratidão Segunda Parte/Final

Na prática, ou seja, na vida diária, de que forma podemos saldar os débitos de gratidão, conforme ensinado pelo Buda Nitiren Daishonin? Por ter a boa sorte de abraçar o ensino do Nam-myoho-rengue-kyo, devemos recitá-lo diariamente “sem poupar a própria vida”. Em um diálogo sobre o Sutra de Lótus, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, explica o conceito de praticar a Lei Mística “sem poupar a própria vida”: “O ensino fundamental do Sutra de Lótus e do Budismo Nitiren expõe que as pessoas comuns — exatamente da forma como são — devem viver como seres humanos, declararem-se seres humanos e empreender sinceros esforços em prol da felicidade das outras pessoas. Essa atitude equivale a dedicar-se totalmente à luta, levantar-se contra as adversidades. Isso é o que significa praticar sem poupar a própria vida”. (Brasil Seikyo, edição no 1.544, 19 de fevereiro de 2000, pág. A3.) Ou seja, é viver desafiando a si mesmo, enfrentar corajosamente as próprias fraquezas em meio à realidade da vida diária. A recitação do Nam-myoho-rengue-kyo engloba a “fé” e a “prática”. A “fé” é um desafio pessoal que implica orar com total convicção o Nam-myoho-rengue-kyo, ou seja, recitar diariamente o Gongyo e o Daimoku. E a “prática” refere-se a recomendar essa recitação a outras pessoas para despertar nelas o desejo de praticar o Budismo Nitiren. Portanto, “sem poupar a voz” significa recitar e propagar o Nam-myoho-rengue-kyo com toda a convicção, realizando o Chakubuku (ensinar o Budismo a outras pessoas) de forma incansável visando a felicidade de si e de outras pessoas, independentemente de quem sejam. Em uma carta endereçada a seu jovem discípulo, Nanjo Tokimitsu, o Buda Nitiren Daishonin conta a história de um menino chamado Vitoriosa Virtude que, não tendo nada a oferecer ao Buda Sakyamuni, moldou um bolo de lama e ofereceu-lhe sinceramente. Devido a esse nobre sentimento, esse menino nasceu em uma existência posterior como o rei Asoka. Nitiren Daishonin declara: “No entanto, o Buda Sakyamuni ensina que a pessoa que faz oferecimentos ao devoto do Sutra de Lótus nos Últimos Dias, mesmo por um único dia, receberá benefícios cem, mil, dez mil, um milhão de vezes maiores do que se tivesse oferecido incontáveis tesouros ao Buda por um milhão de kalpas”. (The Writings of Nichiren Daishonin, pág. 1.097.) Referindo-se a essa história, o presidente da SGI, Daisaku Ikeda, afirma que as pessoas que se dedicam em prol do Kossen-rufu estão diretamente ligadas a Nitiren Daishonin, e os benefícios serão tão imensos que não há como medi-los. Avançar ininterruptamente com o mestre sem se abalar pelos obstáculos e maldades que tentam tirar a alegria de viver pelo grande ideal de concretizar o Kossen-rufu é também uma forma de retribuir os débitos de gratidão.

Espírito de Gratidão Primeira Parte

No escrito “Retribuição aos débitos de gratidão”, o Buda Nitiren Daishonin observa: “A velha raposa jamais esquece a colina onde nasceu; a tartaruga branca retribui a gentileza que havia recebido de Mao Pao. Se mesmo criaturas inferiores sabem o suficiente para agir assim, então os seres humanos deveriam fazê-lo muito mais!”. (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. 4, pág. 17.) Neste escrito, Nitiren Daishonin nos ensina a importância de retribuir à dívida de gratidão com os pais, o mestre, os três tesouros do budismo e o soberano, também conhecidos como “os quatro débitos de gratidão”. Algumas fontes citam o débito de gratidão com todos os seres vivos. Ele ressalta a importância de saldar o débito de gratidão como uma atitude fundamental do comportamento humano. Enfatiza especificamente a dívida com o mestre e afirma que, para retribuir tal dedicação, a pessoa deve compreender o budismo e atingir a iluminação. Para isso, ela deve se dedicar com determinação à prática budista sendo que, para atingir a iluminação, deve também praticar o ensino correto. Mas qual é o ensino correto? Os Três Tesouros constituem um importante princípio que se refere aos três elementos essenciais que definem a linhagem de uma doutrina budista. Servem para analisar se a linhagem do budismo está sendo transmitida de acordo com o ensino do fundador. Os Três Tesouros são: Tesouro do Buda, que se refere ao próprio Buda; Tesouro da Lei, que corresponde ao ensino revelado pelo Buda; e Tesouro do Sacerdote, que se refere ao discípulo ou à ordem budista que herda, transmite e propaga a Lei ou o ensino do Buda. No Budismo Nitiren, o Tesouro do Buda refere-se a Nitiren Daishonin; o Tesouro da Lei, ao objeto de devoção (Gohonzon); e o Tesouro do Sacerdote, a Nikko Shonin, o sucessor imediato de Nitiren Daishonin. O termo honzon, de Gohonzon, é uma denominação genérica de diversos tipos de objetos de devoção adotados por diferentes religiões. Como uma maneira para indicar de forma específica o objeto de devoção inscrito por Nitiren Daishonin, colocou-se o prefixo de tratamento go, que denota respeito, consideração, honra etc. Existem muitos grupos religiosos que se dizem seguidores do Budismo Nitiren. Por isso, a aplicação do critério dos Três Tesouros é a forma mais correta para julgar a legitimidade deles. Além da fé e da prática, o budismo dá ênfase ao estudo para que as pessoas não sigam cegamente uma doutrina que não corresponde aos critérios dos Três Tesouros. Ao estudar os escritos de Nitiren Daishonin, os leigos chegam à conclusão de que Nitiren Daishonin é o Tesouro do Buda, que o honzon inscrito em 12 de outubro de 1279 é o Tesouro da Lei e que Nikko Shonin é seu legítimo sucessor, ou Tesouro do Sacerdote. Portanto, o Gohonzon que os membros da SGI abraçam pertence à linhagem de Nikko Shonin, isto é, refere-se ao Gohonzon transferido por Nitiren Daishonin para ele, o Tesouro do Sacerdote. A Soka Gakkai é a única associação de leigos budistas dos tempos atuais que perpetua os Três Tesouros do Budismo Nitiren.

Nanjo Tokimitsu ( Sua Vida)

Iniciando a prática do budismo ainda na infância, Nanjo Tokimitsu foi um discípulo de total confiança do Buda Original Nitiren Daishonin, mantendo a pura fé por toda a sua vida. Ultrapassando inúmeras dificuldades e sustentando sempre o espírito de proteger o Verdadeiro Budismo, foi também o braço direito de Nikko Shonin, o sucessor imediato de Daishonin. Tokimitsu havia perdido o seu pai com apenas sete anos de idade e tornou-se ainda jovem o lorde do distrito Ueno, província de Suruga. Por essa razão, ficou conhecido também como o Lorde Ueno. Em 1275, quando tinha dezesseis anos de idade, Nanjo Tokimitsu encontrou-se pela primeira vez com Nikko Shonin, iniciando desde então uma intensa campanha de propagação do budismo na província de Suruga. À medida que o movimento de Chakubuku avançava sob a liderança de Nikko Shonin, os Três Obstáculos e as Quatro Maldades surgiam em sucessão, culminando com a famosa Perseguição de Atsuhara em setembro de 1279, ocasião em que vinte fiéis camponeses acabaram sendo aprisionados por Hei-no-Saemon. Apesar de ser ainda um jovem adolescente, como líder dos adeptos de Daishonin na região e como lorde do distrito de Ueno, Nanjo Tokimitsu ofereceu toda a proteção aos camponeses diante das perseguições das autoridades. Porém, isto causou a fúria do governo de Kamakura que não aprovava seu comportamento e se vingou aplicando pesadas taxas e impostos a ponto de deixar o próprio Tokimitsu em uma condição financeira miserável. Conseqüentemente, até mesmo as necessidades básicas de um oficial samurai, tais como de manter o seu próprio cavalo e de proporcionar vestimentas adequadas para a sua esposa e os seus familiares, ficaram seriamente comprometidas. Mesmo passando por tais dificuldades, Nanjo Tokimitsu continuou a enviar importantes oferecimentos a Nitiren Daishonin que se encontrava retirado no Monte Minobu. Tais oferecimentos são descritos por Daishonin em diversos escritos dedicados a Nanjo Tokimitsu e, sem dúvida, eram decorrentes da sua pureza e sinceridade da prática da fé. Em todas as ocasiões, o Buda Original exalta o sentimento de gratidão aos oferecimentos recebidos e enaltece o espírito de doação do seu discípulo, mostrando o quão extraordinários são os benefícios provenientes deste ato. No escrito “Resposta a Lorde Ueno”, é citada a passagem sobre dois meninos que quando avistaram o Buda Sakyamuni, reverenciaram-no e ofereceram bolinhos de lama com toda a sinceridade por não possuírem nada a oferecer; e, como benefício deste sentimento, viriam a renascer mais tarde como um grande rei e sua esposa. Nanjo Tokimitsu foi um discípulo exemplar do Buda Original Nitiren Daishonin e recebeu dele um grande número de escritos. Diante das mortes prematuras de seu pai e de seu irmão mais velho, Tokimitsu assumiu o cargo hereditário de administrador da área de Fuji e se tornou um seguidor do Budismo de Nitiren Daishonin ainda bastante jovem. No escrito “O Portão do Dragão”, Nitiren Daishonin o encoraja a empenhar-se dedicando a própria vida em busca da iluminação que é o objetivo final da nossa prática da fé. Citando o exemplo da batalha de milhares de carpas que tentam subir a cachoeira Portão do Dragão na China, enfrentando sua forte correnteza, os inúmeros predadores e caçadores, até alcançarem o topo para se tornarem um dragão, Daishonin mostra-lhe como é difícil manter a fé em busca do estado de Buda, por sermos facilmente influenciados e vulneráveis às pressões, ilusões e impedimentos causados por agentes externos. Esse escrito foi dedicado a Nanjo Tokimitsu por ocasião da perseguição de Atsuhara em que simples camponeses, discípulos de Daishonin, haviam sido aprisionados e posteriormente executados devido a sua fé no Verdadeiro Budismo. Um outro aspecto do comportamento da prática da fé bastante conhecido da vida de Nanjo Tokimitsu consta em um outro escrito que ele recebeu de Daishonin: “Atualmente, existem pessoas que têm fé no Sutra de Lótus. Entretanto, alguns crêem como chamas ardentes, enquanto outros como a água corrente. Quando os primeiros ouvem sobre o budismo, entusiasmam-se como o fogo, mas quando permanecem afastados são dominados pela mente disposta a abandonar a fé. Como água corrente significa crer continuamente sem nunca retroceder. Como o senhor freqüentemente tem me visitado independentemente das circunstâncias, a sua fé é comparável à água corrente. Quão digno de respeito! (As Escrituras de Nitiren Daishonin, vol. I, pág. 419.) Enfim, os muitos escritos dedicados por Daishonin a Nanjo Tokimitsu nos ensinam importantes posturas da fé no budismo que, quando colocadas em prática, nos capacitam a ultrapassar os obstáculos e dificuldades tão comuns no cotidiano de qualquer pessoa.

"Histórico do Fundamento do Budismo"

O budismo foi fundado na Índia há aproximadamente 2.500 anos por Siddharta Gautama ou Sakyamuni (560–480 a.C.). Nascido como príncipe, nas colinas ao sopé do Himalaia, Sakyamuni renunciou à vida secular para buscar respostas sobre as questões fundamentais da existência humana, ou seja, a razão dos chamados quatro sofrimentos da vida: nascimento, velhice, doença e morte. Durante anos, ele praticou austeridades, submentendo-se a uma disciplina rigorosa por acreditar que o caminho da iluminação estaria no desapego aos desejos mundanos que seriam a causa dos sofrimentos da vida. Entretanto, com essas práticas não conseguiu encontrar respostas. Assim, acabou rejeitando-as e começou a dedicar-se à meditação até que finalmente chegou à iluminação, tornando-se Buda. Logo após ter atingido o estado de Buda, a primeira preocupação de Sakyamuni foi sobre a compreensão das pessoas em relação ao seu ensino ou à Lei da vida. Durante cinco semanas, ele permaneceu sentado sob a árvore bodhi, onde atingira a iluminação, refletindo se deveria ou não ensinar o que havia descoberto aos outros. A felicidade da humanidade era o principal objetivo de Sakyamuni. Seu maior desejo era mostrar o caminho da iluminação a todas as pessoas. Mas hesitava em fazê-lo porque percebia a ameaça de diferentes interpretações sobre a verdade a que havia chegado, e o ensino precisava ser preservado em sua essência. Após o falecimento de Sakyamuni, o budismo foi primeiramente propagado em toda a Índia e depois nos países vizinhos, tomando duas direções distintas. Uma corrente propagou-se para o atual Sri Lanka, Mainmá, Camboja, Indonésia e outras regiões sul asiáticas. Essa corrente ficou conhecida como Budismo do Sul. A outra corrente difundiu-se pela Ásia Central até a China, passando depois para a Península Coreana e o Japão. Os ensinos que se propagaram nesses países são coletivamente denominados de Budismo do Norte. Mesmo tendo sofrido certa influência cultural em seus costumes, o Budismo do Sul basicamente seguiu e transmitiu os princípios e rituais dos primeiros ensinos budistas desenvolvidos na Índia. Em contraste, o Budismo do Norte não somente sofreu influências culturais e nacionais como também teve grandes alterações no desenvolvimento de sua doutrina e de seus rituais. A Índia e a Ásia Central foram os principais palcos de propagação do budismo durante os primeiros mil anos após a morte de Sakyamuni. Nos primeiros quinhentos anos desse milênio, a crença no budismo foi praticada particularmente por monges e freiras indianos e seu ensino tinha como fundamento os sutras que enfatizavam a fidelidade aos preceitos. A segunda metade do milênio foi um período em que a propagação do budismo centralizou-se na região de Gandhara, nas proximidades da Ásia Central. Nessa região, os budistas davam ênfase à busca filosófica, estabelecendo complexos sistemas de teoria budista tais como o conceito da Não-Substancialidade (Kuu) e a doutrina da Somente Consciência. Esses budistas denominaram seus ensinos de Budismo Mahayana (grande veículo) e criticaram as escolas tradicionais, que centralizavam seus ensinos em preceitos, tachando-as de Hinayana (pequeno veículo). Acredita-se que a história do budismo na China iniciou-se por volta de quinhentos anos após a morte de Sakyamuni. (Segundo a tradição budista, o budismo foi introduzido na China aproximadamente mil anos após o falecimento de Sakyamuni, pois se considera como o período de seu advento os quinhentos anos anteriores aos da data sugerida por estudiosos contemporâneos.) Mais ou menos quinhentos anos após a época em que o budismo foi introduzido na China, o Grande Mestre Tient’ai fez seu advento e estabeleceu a doutrina de Itinen Sanzen com base no Sutra de Lótus. Pouco tempo após o advento de Tient’ai, o budismo foi introduzido no Japão e, em seu período inicial de propagação, o Sutra de Lótus foi altamente reverenciado, mesmo ocupando uma posição inferior em relação aos outros ensinos budistas. O Grande Mestre Dengyo seguiu os passos de Tient’ai e esforçou-se para propagar a doutrina de Itinen Sanzen. Entretanto, após seu falecimento, a linhagem da escola que estava fundamentada no Sutra de Lótus foi interrompida e abandonada. Segundo a tradição budista, acreditava-se que os Últimos Dias da Lei, que são os dois mil anos após o falecimento de Sakyamuni, iniciaram no século XI. Como muitos seguidores esqueceram-se de que Sakyamuni era o fundador do budismo, novas escolas apareceram em sucessão, louvando os poderes de budas imaginários ou negando a necessidade de estudar a doutrina ou de realizar a prática do budismo. O verdadeiro espírito do budismo havia sido totalmente esquecido por volta do início do século XIII no Japão. Em meio a essa confusão, Nitiren Daishonin fez seu advento. Por volta dessa mesma época, o budismo da Índia acabou sofrendo o impacto do islamismo da região oeste e desapareceu, embora esse budismo já viesse mantendo uma subsistência conjunta com o esoterismo desde a extinção dos sucessores de Sakyamuni no século VI. De forma semelhante, após a morte de Tient’ai, o budismo da China entrou em decadência, sendo corroído pela influência do esoterismo indiano e pela predominância da devoção do Buda Amida, que era uma derivação do próprio budismo. Além disso, a invasão da China pelos mongóis ocorrida no século XIII causou o total declínio do budismo. Durante esse período de gradativo declínio do Budismo do Norte, Nitiren Daishonin fez seu advento e estabeleceu os verdadeiros ensinos do budismo que viriam a iluminar a escuridão dos Últimos Dias da Lei. Fonte: Fundamentos do Budismo, pág. 116; Síntese do Budismo, pág. 10