sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Escuridão Fundamental segunda parte

Quando nos conscientizamos de que somos a manifestação da própria Lei Mística, a ilusão ou escuridão se dissipa imediatamente. Analogamente, a Lei Mística é como o Sol, enquanto a escuridão é como as nuvens escuras que o cobrem. Quando as nuvens se dispersam, os raios brilhantes do Sol chegam sem impedimentos à Terra. Quando rompemos nossa escuridão fundamental, o poder da Lei Mística é ativado instantaneamente, e manifesta-se como diferentes funções criadoras de valor ou benefícios. Esses benefícios e valores diversos derivam do princípio da simultaneidade de causa e efeito. Entretanto, apesar da certeza de que todos os seres vivos são entidades da Lei Mística, cuja vida é dotada intrinsecamente do estado de Buda, se não nos empenharmos em dissipar as nuvens da escuridão fundamental, o estado de Buda não se manifestará efetivamente em nossa vida. Esta condição não é algo que se atinge com uma atitude tímida e passiva, que se restringe a recitar Daimoku mecanicamente, e muito menos se algum sacerdote orar por nós. Depende de cada pessoa recitar Daimoku e empreender uma luta individual para dissipar a escuridão de sua vida. Como ela se refere à ilusão interior, a batalha para vencê-la deve ser travada interiormente. Em poucas palavras, essa luta implica perseverar na fé. O propósito principal da prática budista é “iluminar” a “escuridão” da vida, isto é, compreender as causas que geram o sofrimento e, assim, agir para mudar a própria condição ou situação. É elevar o nosso estado de vida, munindo-nos de coragem e sabedoria para mudar. Uma pessoa iluminada, ou no estado de Buda, é aquela que manifesta força, coragem, esperança, sabedoria e que se eleva acima das próprias dificuldades. Uma vez iluminada, ela ultrapassa e vence as dificuldades, enxergando melhor a essência da vida. Na vida de todo ser humano, a cada instante, processa-se uma batalha entre a escuridão fundamental e a iluminação. Que lado vai vencer? Isso dependerá da condição de vida predominante da pessoa, os chamados Dez Mundos ou Dez Estados da Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda). Apesar de recitar Daimoku, se ficarmos presos às nossas próprias limitações, sem desafiá-las no momento crucial, seremos derrotados pela ilusão ou escuridão fundamental. Budismo é vitória ou derrota. Conquistamos a verdadeira vitória na vida quando enfrentamos e vencemos nossos aspectos internos, quando vencemos nossa batalha interior. No escrito “Sobre atingir o estado de Buda nesta existência”, Nitiren Daishonin nos ensina: “Quando uma pessoa é dominada pela ilusão, é chamada de mortal comum, mas quando iluminada, é chamada de Buda. Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma joia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo”. (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 1, pág. 4.)

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